sexta-feira, 30 de abril de 2010

A vida não é justa

Sou uma acérrima defensora, de que cada um é como cada qual e, cada qual deve fazer as coisas da maneira que mais lhe aprouver. Só que esta teoria passada à prática ás vezes dá merda.
Senão vejamos. Há uns tempos atrás, aqui a je, depara-se com três degraus para descer e pensa de si para si: Porra, cada um desce as escadas como quer, bora lá hoje experimentar de cabeça. (Não recomendo, aliás, desaconselho seriamente). O resultado imediato, para além da dor aguda que nos deixa aparvalhados, é o despontar imediato de um "ovo" gigante na testa. Sim um "ovo", não me venham cá com a história do "galo", porque para mim galo é aquilo que ainda está para vir mais tarde (certamente nascido do ovo). Mas pronto... nós entramos naquela: ah e tal, tá-se bem, isto passa e amanhã já estou como nova. Ah., pois é... No dia a seguir ao acordar, apercebemo-nos logo de algo errado quando o olhito por baixo do "ovo" se recusa a abrir da forma habitual. Corremos para o espelho mais próximo e... Tcharan..., aí sim, chega o 1º Galo... em forma de New Look muito fashion, agora que os anos 70/80 estão a querer voltar, Rocky Balboa no seu melhor, olho já muito inchado e a tomar uma tonalidade que promete acabar entre o roxo e o azul escuro. A seguir começam as quebras de tensão, o que até é lógico, uma gaja olha para o espelho e depara-se com um pugilista, não há coraçãozinho que aguente. 2º Galo... temos de acordar o nosso gajo e admitirmos que afinal não nos sentimos bem e precisamos que ele nos leve ao hospital. 3º Galo... urgências do hospital... Assim que tiramos os óculos escuros das trombas, o médico faz logo aquele ar de... Então querida, o gajo chegou-te a roupa ao pêlo!?.. 4º Galo, ficamos com a certeza que estamos impróprias para circular na via pública, portanto próxima paragem, centro de Saúde para pedinchar baixa (o sonho de alguns é o pesadelo de outros e, que pesadelo...). Aqui a euzinha, que sempre se gabou de nunca ter metido uma baixa em vinte anos de trabalho (sim, porque para mim baixa de parto não é baixa, ninguém está doente, portanto para mim é uma licença para cuidar e curtir o novo ser vivo que veio ao mundo. Porque eu não me acho a mãe do Jean-Baptiste Grenouille, como tal, não me estou a imaginar a parir no local de trabalho, a cortar o cordão umbilical com os dentes, a atirar o puto para debaixo da secretária e a continuar a "vender o meu peixe" como se nada fosse. É por isto que nós precisamos de nos ausentar. Mas ninguém está doente. Capisce!?)
Devaneios à parte, aqui a gabarolas que dizia só pedir baixa se algum dia partisse as duas pernas e não conseguisse andar. Vê-se de repente na fila do Centro de Saúde a suplicar uma consulta, a ter de tirar os óculos para explicar à administrativa o porquê da urgência e, a apanhar outra vez com aquele ar: Ah., tou a ver, a querida levou no focinho!?...  A divertir-me imenso, portanto.
Lá consegui a consulta. A srª drª, até era simpática, mas claro que para o meu lado estas coisas raramente acabam bem. E a confusão começa quando a drª me dá um papelito extra, que ela própria não sabe bem para que serve, mas se calhar no meu caso até não serve para nada... E eu: ok. está bem, guardo o papelito e esqueço-me dele.
E aqui apresenta-se o 5º e maior dos Galos... Passadas umas duas semanitas, sou contactada pela empresa, que me informa da impossibilidade de pagamento da minha baixa, porque esta não foi devidamente justificada na Segurança Social. As doenças directas (vulgo acidentes), têm de ser justificadas (adivinhem),com aquele maldito papelucho que vinha junto à declaração de baixa e, que ninguém sabe ao certo para que serve.
Felizmente, eu sou uma acumuladora de lixo, guardadora eterna de todo e qualquer papelucho que me venha parar ás mãos, senão...  penso que estaria fornicada para todo o sempre... assim ficarei fornicada apenas um mês... (pensei eu, na minha santa ingenuidade)
E então, lá vou eu a correr perder uma manhã na Segurança Social, para entregar o referido papelucho e, ser brindada com um... temos pena mas este mês já nada feito... Porque entre eu entregar o papelucho e ele seguir as burocracias kafkianas necessárias até entrar no sistema informático, criam-se vales... rios... montanhas... de distância. Portanto, a senhora da Segurança Social lamenta imenso, mas... adeus e, aguenta até ao próximo mês, porque este... já era. Toma lá menos 1/4 do ordenado, sorri porque a vida é bela e pensa que... antes isto do que partir as duas pernas...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Onde pára o meu IRS, 2

E então senhores do IRS. Continuamos na mesma!? Ou seja, nada, nicles, niente. Porquê senhores, porquê??? Logo eu que sou tão boa rapariguita, portanto merecedora de uns mimitos ocasionais, e é assim que me tratam!? Agora amuei, já não sou mais vossa amiga, portanto esqueçam os beijinhos, porque já não vai haver beijinhos para ninguém.
Começo inclusivé a suspeitar, que os senhores entraram num qualquer concluio maquiavélico, com os vossos "colegas" da Segurança Social (que este mês usurparam uma grossa fatia do meu ordenado). Confessem. Uniram-se para me castigarem pela semana de baixa que eu meti, por ter descido uns degrauzitos de forma menos própria. Certo??? Hum? Hum?
Ok. Se era essa a intenção, ganharam. Eu juro que aprendi a lição, até já me inscrevi num curso de "Como descer degraus sem tropeçar nos próprios pés".
Satisfeitos???
Agora já posso ter o meu reembolsosito, para tapar o buraco deixado pelos vossos "colegas"!? Please...
Se não forem vocês o mês que se avizinha vai ser miserável, ou em velho e bom português uma boa merda.
Acabaram-se as visitinhas á minha adorada FNAC, ou a qualquer outra lojita da minha perdição. Toca a racionar as refeições fora e os copos, e claro, raízes do meu cabelo acomodem-se confortávelmente, porque vamos continuar em estreita convivência pelo menos por mais 30 dias.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Onde pára o meu IRS???

Ontem, no resumo do telejornal da noite, ouvi a seguinte frase: "Bolsa afundou-se hoje". Pensei cá para os meus botões, e depois, onde reside a novidade!? A minha já se afundou á séculos e nem por isso foi noticia.
Queridos senhores do IRS, isto foi uma dica para vós. Tão simpáticos e prestáveis agraciaram-me este mês, primeiro com uma carta para pagamento de contribuição autárquica e logo a seguir com um mail atencioso que me recordava que o Imposto Único de circulação, também se encontava para pagamento. Acorri prontamente a satisfazer todos os vossos desejos e voilá, dividas ás finanças EM ORDEM, PAGAS, LIQUIDADAS... E agora porra, pergunto eu!? Onde raio pára o reembolso do meu IRS???
Foi enviado a tempo e horas, respondem-me que tem anomalias, gasto duas preciosas manhãs da minha vida enfiada na repartição lá da zona, onde são corrigidas as anomalias. E agora, What's the problem??? Todos os dias consulto o vosso site e a porra das anomalias continuam lá. Esta brincadeira já se arrasta há um mês e meio e o belo do Guito, que é bom, nem vê-lo.
Ora, vá lá, quid pro quo, eu fui boazinha para vocês, como tal, vocês vão ser bonzinhos para mim. Este é o tipo de atenção que eu adoraria ter da vossa parte. Se amanhã me enviarem um mail, a comunicar-me que o meu IRS foi desbloqueado, e que vou receber o meu reembolso no dia seguinte. Prometo que vou aí e dou-vos um grande beijo na boca, com lingua e tudo.
E então, Combinados...???

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O porquê deste meu Blog!?

Todos os dias somos assaltados por pensamentos, que vão vagueando pela nossa cabeça ao longo do dia. São desabafos da nossa alma para connosco. Uns são só nossos, outros apetece-nos partilhar, ou apenas recordar mais tarde. Ás vezes dou por mim a rabiscar frases que me assaltam a mente num qualquer papel mais próximo, mas esse papel tende sempre a desaparecer no meio da minha desorganização. Como tal, resolvi compactar alguns dos meus pensamentos neste blog. É uma forma de guardar e ao mesmo tempo partilhar, tudo o que vagueia nos subterrâneos da minha alma. Mas sem mais pretensões. Pois serão sempre, só e apenas, desabafos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Até agora eu não me conhecia
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca!--
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!


Florbela Espanca

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa ténue e esvanecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre imcompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!


Florbela Espanca