Quando há fila de espera seja onde for, eu sou sempre aquela
que deve ter ar de totó, não há "cão nem gato" que não tente passar-me à
frente. Existam vinte pessoas, ou apenas eu, como foi o caso de hoje, sou sempre
a otária a ignorar.
Ora uma gaja já anda irritada com a vida, tem um trabalho
que não ajuda, por aturar tanta gente irritante durante os cinco dias da
semana, a única coisa que deseja ao fim de semana é paz, sossego e descontração
e, já agora um miminho para alegrar o dia. E foi na onda do miminho que entrei
na loja de produtos para o cabelo do Centro Comercial. Já estava quase a finalizar a compra, quando
entra uma madame empertigada com um marido enfadado de arrasto, a cacarejar
para a funcionária:
- Olhe, eu só quero fazer uma perguntinha…
E fez. E fez uma… e fez duas… e fez três… e fez quatro… e
fez cinco… até eu começar a ficar cheia
de irritabilidade e comichões e, ter de abrir os olhos (e a goela) à senhora
para lhe mostrar que a sua perguntinha já estava a ficar com bónus. Nessa
altura o marido da dita cuja, com um ar constrangido segura-lhe o braço e
diz-lhe baixinho:
-Oh Cândida, já sabes que há o que queres, deixa lá a
senhora acabar de ser atendida e já perguntas o resto com mais calma.
A senhora acalmou a verborreia com um ar amuado, e eu,
paguei, dirigi-lhe um sorriso simpático e compreensivo e sai da loja prestes a
explodir de riso. Afinal, a senhora chamava-se Cândida…. Ora… alguém
com nome de doença vaginal já nasce predestinada a provocar comichões e irritabilidade nos outros, daí os meus sintomas... A culpa nem era propriamente dela, coitadita…
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