Uma história de outros tempos...
Há uns anos atrás, quando eu era mocinha de bilheteira, a profissão não era fácil devido aos trocos sempre em modo red line, o que nos fazia aceitar toda e qualquer moedinha que aparecesse, como uma dádiva do céu. O senhor P., invisual, ganhava a vida como pedinte mas foi o nosso anjo dos trocos durante muitos e bons anos. Juro que quase ouvia uma música celestial quando o via aproximar-se, porque a sua presença significava que a partir dali o dia iria correr-me muito melhor.
O senhor P. chegava, entregava-me para contagem os despojos do dia através da porta da bilheteira (para não incomodar o trabalho no guichet) e tomava posição junto à mesma, implacável, apoiado na bengala, numa pose firme e hirta, qual guarda do palácio de buckingham, tentando dissuadir o povo de me incomodar. Aquele povo que não pode ver uma porta aberta sem achar que é um convite à intrusão. Aquele povo visionário, com olhinho de águia, ao qual não escapa a cagadela de mosca no azulejo 347 da estação, mas com imensa dificuldade em visualizar placas informativas. Algumas delas a três passos de distância e com o destino bem explicito numa área maior que a minha sala de estar. É aquela lei da preguiça desenrascada «se eu posso perguntar, p’ra quê dar-me ao trabalho de ler!?». Então, enquanto eu ia contando moedas e vendendo bilhetes em simultâneo, o sr. P. ia dando instruções, qual policia sinaleiro bem treinado. «É para a esquerda, é para a direita, depois da passadeira rolante são as primeiras escadas à sua direita, são já aqui as escadas do meu lado esquerdo, está a ver a placa por cima que diz….?» E por aí adiante, o sr. P., ia instruindo pessoas, indicando destinos e mostrando a quem quisesse ver… que não é preciso ter olhos para ser “rei”.
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selinho no blog ;)
ResponderEliminarxoxo
Tens um selo no nosso blog :) **
ResponderEliminarE vão três! LOOOL! Tens um selo lá na minha tasca! (Concorrida hein?) :))
ResponderEliminarBeijo
Querida Bella, eu não tenho selo lá no blog ;)
ResponderEliminarMas tenho que te dizer que achei de uma grande ternura, esta tua história real.
Ainda continuas a ter contacto com o senhor?
Beijinhos.
Bonita história :)
ResponderEliminarolha que gostei deste post! :D
ResponderEliminarGostei do que escreveste e da forma como o escreveste, consegui visualizar, fechei os olhos e vi-te a ti e ao Sr. P., gosto de ler textos assim. Parabéns pela escrita e não só… ;)
ResponderEliminarBeijinho
passando pra deixa um bjo!!! belissimo texto!
ResponderEliminarÁs vezes os cegos, são os que vêm mais!
ResponderEliminarOlá! O Sr. P, via mais que o Povo Português todo junto... ainda é vivo o senhor? beijos
ResponderEliminarBelíssimo post e já diz o ditado pior cego é aquele que não quer ver. Bj
ResponderEliminarEstá um selo para o teu blog no nosso! Gostamos bastante dos teus textos :) Boa continuação. Beijinhos
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