sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Querem ver que é sexta-feira treze e eu não me lembro

Hoje é dia de gado bovino, de duas patas pois tá claro. De vez em quando isto acontece, não sei qual a explicação para este fenómeno, mas deve haver dias específicos em que é aberta a porta de uma qualquer arena e eles saem desembolados com os cornos no ar, a marrar com tudo o que apanham pela frente. Estou a tentar encarar a coisa na desportiva, com algum bom humor, mas dentro de mim está a crescer uma lava incandescente que ameaça jorrar a qualquer instante. E nestas alturas eu fico com medo, muito medo, estamos a atravessar uma grave crise financeira e não convém passar ao estatuto de desempregada, mas o meu cérebro anda a ficar exausto de tanto controlar a minha boca e se ele num destes dias resolve desistir, está tudo tramado.


1º cliente da manhã: Entra tempestuosamente com uma melodiosa frase matinal “Ouça lá, há imenso tempo que estou a tentar enfiar o cartão na ranhura para o carregar e a merda das máquinas não o reconhecem”. É pá, quando eles entram assim fofos e educados logo pela fresquinha, começam imediatamente a ganhar pontos. Pergunto-lhe se eventualmente não estará a introduzir o cartão na ranhura errada, ao que me responde com descrença “Ouça, eu sei o que é uma ranhura”, pois claro que sabe. Levanto-me solícita e acompanho o senhor a uma máquina onde introduzo o cartão. Fica a olhar com aquele ar de criança que é apanhada com a mão na lata das bolachas e balbucia “Ah. Era nessa”. Pois meu querido, era nesta, a outra é para cartões multibanco conforme especificado. E agora aqui só para nós que ninguém nos ouve, o senhor é gay não é!? Não é por nada, mas afinal o seu conhecimento de ranhuras fica um pouco aquém do desejado.

2º cliente: Entra também ele de forma tempestuosa, completamente histérico. “Venho reclamar do vosso serviço de merda palavra favorita do dia. Deixei uma situação para analisar há três semanas, disseram-me que teria a resposta em cinco dias no máximo e até hoje nada. Andam a brincar com o dinheiro dos clientes, essa é que é essa, roubam um bocadinho a um, um bocadinho a outro e vão enriquecendo ás nossas custas”. Deixei-o falar até à exaustão e quando finalmente terminou, perguntei-lhe o nome e calmamente fui buscar o processo, onde estão escrupulosamente anotadas todas as tentativas de contacto, dia e hora num total de vinte e uma chamadas não atendidas. Pois é meu querido, sabe o que é um telemóvel? É aquela porra que faz ring-ring e costuma ter um botão por baixo da palavra atender. Normalmente é usado como meio de comunicação, agora se o senhor o usa apenas no bolso das calças em modo vibratório, isso já é lá consigo, porque eu não sou rapariga para julgar ninguém.

E a coisa continua e promete continuar, já entreguei o livro de reclamações, para um desabafo completamente despropositado, já ouvi mais uns disparates nuns decibéis acima do normal e outros blábláblás de gente que se acha cheia de razão. Não sei se será falta de dinheiro, falta de sexo ou de qualquer outra coisa que eu agora não me lembre. Certo, certo é que hoje é um daqueles dias de “merda”, como tanto gostam de dizer os meus queridos clientes.

8 comentários:

  1. Olá, acompanho o teu blog faz algum tempo e consigo perceber exactamente o que sentes, porque os meus trabalhos sempre foram a lidar com clientes. E há dias mesmo tramados em que é do principio ao fim, clientes mal educados e mal dispostos, mas também tinha dias em que era um doce, de tl modo, que eles acabavam a pedir-me desculpas pelos maus modos eheheh e sim de tanto termos que manter a nossa postura, acabamos por chegar a casa sem a minima paciência. Desconfio que sei em que empresa trabalhas, por um post que escreveste à uns tempos e desconfio que é na mesma do meu marido. Coincidências :) e mais não digo... Bj

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  2. Paciência que é precisa não é?

    Selo para ti lá no meu cantinho
    Bjo

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  3. Belladonna, eu sei o que é trabalhar directamente com pessoas. Mas a verdade é que já dei umas boas risadas, à custa do teu texto.
    Tu chegas para eles ;)
    Bom fim-de-semana.

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  4. Tem calma Belladonna, trabalhar com o público não é fácil, nunca foi, aliás há pessoas que não são mesmo capazes de fazer esse tipo de trabalho.Nem todos temos estofo para isso. Muitas vezes é ouvir e calar. Agora com esta crise toda, muita gente com problemas, muitos desempregados, muita falta de dinheiro, muita gente sem rumo, acho que deve ser ainda pior. Por isso calma, muita calma. Tens de te forrar de paciência e respirar fundo pelo menos três vezes. Fazes isso?

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  5. Adorei as tuas respostas em itálico ^^

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  6. Wow! :S

    Deixa lá... o fim-de-semana irá ser melhor! ;)

    Beijocas

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  7. belladona!! pensa positivo so assim deves ter rido um pouco depois de chegares a casa e veres a figura que eles fizeram!! e já é um motivo para rimos quando vieres vizitar a tua primita fofita do coração ok!!! bjocas para todos

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  8. pronto mas o fim d dseman foi curto e nao deu para esquecer esse clientes? pronto Bella uns vao outros vêm nunca faltam ao encontro com a estupidez

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