sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tempestades em copos de água

O excesso de trabalho anda a pôr-me doida. Chego a casa todos os dias com um cansaço físico e psicológico  tão grande, que só me apetece deitar e dormir até 2011.  O tempo livre que me resta é quase nulo, entre o chegar a casa, jantar, arrumar a cozinha e organizar as coisas para o dia seguinte, olho para o relógio e são dez da noite. Está na hora de obrigar o piolhito a ir para a cama, tarefa difícil pois ainda não tive tempo de lhe prestar  a devida atenção.  Estou a tornar-me numa mãe ausente, que se materializa apenas para fazer cumprir tarefas desagradáveis. De manhã é o acordar á força quando apetece tanto dormir mais um bocadinho, lavar a cara, tomar o pequeno almoço, lavar os dentes, vestir e ala para a escola que se faz tarde. Vemo-nos durante meia hora. À noite é o mesmo fado, a mãe chega e passado um pouco é vestir o pijama, lavar os dentes e ir para a cama porque mais uma vez se faz tarde. Estamos sempre com os minutos contados para alguma coisa. Tempo de qualidade para nós é algo para esquecer. Ainda bem que existem fins de semana, senão corria o risco de quase me transformar numa perfeita desconhecida. Hoje senti isso na pele, chorei de tristeza e mágoa e às tantas de raiva pela vida injusta que nos obriga a transformarmo-nos naquilo que não queremos e mais tarde ainda com mais raiva por não conseguir parar de chorar. Só pensava, porra, deixa de ser lamechas porque não há necessidade, existem por aí pessoas com problemas gravíssimos a lutar pela vida sem deitarem uma lágrima. Qual é o teu problema!? Tempestades em copos de água!? E não é, que é exactamente esse o meu problema, provocado pelo cansaço certamente, mas não deixa de ser uma tempestade num copo de água. O meu filho está cada vez mais habituado ao pai. O pai vai buscá-lo á escola, passeia com ele, dá-lhe o jantar, dá-lhe banho e brinca até aqui a chata chegar.  Portanto hoje, ele decidiu no meio de uma birra chorosa, que quer que o pai o vá levar á escola todos os dias, porque é do pai que ele gosta. Com cinco anos ele não entende que o pai trabalha de noite e por isso precisa de descansar durante parte do dia. Até porque, como pai abriu algumas excepções durante as primeiras manhãs do novo ano escolar, pois a adaptação à nova escola tem sido um drama emocional, ele agora acha que isso é plausível de acontecer todos os dias. E isto até seria fantástico, porque é sempre agradável saber que eles se dão tão bem. Não fosse aquele sentimento de aperto que me encolhe o coração, por me sentir cada vez mais dispensável devido à minha ausência e ouvir aquele choroso "eu gosto mais do pai", até me podia deixar de tempestades e ficar só pelos copos de água. Pois é, poder até podia, mas não consigo...

4 comentários:

  1. Nós as Mães cada vez mais nos sentimos assim, é triste mas é a mais dura das realidades.

    beijinho e BFS

    ResponderEliminar
  2. olá! tu como Mãe sofres, porque adoras o teu filho e ele ainda não tem idade para compreender que chegas tarde e cansada por causa do trabalho. O que vale é que hoje é fim de semana e vais poder passar muito tempo com ele. Vida de mãe é assim. Quantas vezes a minha Mãe tinha reuniões na escola e eu ficava sozinho com a empregada aqui em casa ou então ia para casa dos familiares, com a empregada e antes do jantar ou depois a minha mãe passava por lá para me ir buscar, devido ao trabalho. Mas no início da vida é sempre assim! beijos e força! bom fim de semana

    ResponderEliminar
  3. Pois, eu sinto o mesmo....e dói...
    Aproveita o fim-de-semana e o mau tempo para o mimares, a ele e a ti!
    Bjos

    ResponderEliminar
  4. Os miudos por vezes conseguem ser muito cueis... mas nao fiques triste tenta compensar no fds e um dia mais tarde ele vai reconhecer e vai agradecer porque essa tua ausencia deveu-se a trabalhares e muito para que nada lhe faltasse
    bjinhos bom fds e mostra ao pimpolho o quanto o amas

    ResponderEliminar