domingo, 6 de fevereiro de 2011

Discriminação e preconceito - Parte II

Este post é uma explicação do anterior e um seguimento do post publicado no dia 07 de Janeiro.

Na sexta-feira ao final da tarde tive reunião com a educadora do meu filho. Foi muito proveitosa em vários aspectos. Para além de me inteirar da evolução do piolhito, fiquei a saber umas curiosidades fantásticas.


Segundo ela, como a escola é novinha a estrear e com umas excelentes condições, houve pais que se convenceram que iria funcionar como um colégio particular, com rigorosos critérios de selecção. Por muito que lhes explicassem que a escola é pública e que a educação não pode ser negada a nenhuma criança, só se aperceberam da realidade quando as aulas começaram. O quê? Pretos, ciganos, putos de países de leste… O que é isto? Houve desistências e os que ficaram, ficaram contrariados.

A educadora explicou-me com um ar cansado, que a discriminação tem sido difícil de gerir, não devido às crianças, mas sim por causa dos pais. Na sala existem um menino e uma menina de etnia cigana, educados, calmos e bem comportados, não são ciganos da “barraca” como a maioria tem imediatamente tendência a pensar. Podem-se considerar pessoas de classe média, não têm problemas económicos e os miúdos vão para a escola todos os dias a horas, limpinhos e bem vestidos. Resumindo são crianças como as outras. Só que, no inicio das aulas quando começaram a sair para passear e a fazer certos jogos onde tinham de dar as mãos, havia crianças que se recusavam a dar a mão ao J. ou à A., as crianças ciganas. A educadora perguntou-lhes o porquê e a resposta foi «a minha mãe não quer». Perante esta resposta, ela teve a melhor das atitudes “Olha, a tua mãe não está aqui, estou eu, portanto vais dar a mão e eu depois falo com a tua mãe se houver algum problema”. Muito bem.

Outra situação deveras complicada, foi quando um dos meninos no recreio tropeçou no J. caiu e abriu o lábio. Por sorte a educadora assistiu a tudo, viu que foi um acidente, o próprio menino que caiu disse que foi um acidente, só que no dia seguinte o pai entrou enfurecido escola adentro, querendo explicações sobre o cigano que tinha atirado o filho ao chão. Embora o próprio filho lhe dissesse que tinha sido ele a tropeçar, o senhor estava convicto que não, que o filho estava com medo de dizer a verdade. Pois ele sabe como são os ciganos, sempre prontos a maltratar os outros. Quase aposto, que se o filho tivesse mesmo sido empurrado, mas por outra criança da mesma classe social, até não haveria problema «afinal são só crianças, sabe como são as crianças...», mas tropeçar num cigano? É pá, isso é muito suspeito.

Como estas, houve outras histórias deveras interessantes e elucidativas, que me deixaram convencida que certas pessoas são que nem mulas com palas, só conseguem olhar numa única direcção.

Não sou uma defensora de toda a gente, não estou convencida que todos são bons. Só não tolero a ideia de pôr toda a gente no mesmo saco.

Do género: Todos os sujeitos de etnia cigana não prestam; Todos os sujeitos de raça negra não prestam e por aí adiante….

Então e nós os Portugas, somos todos perfeitos?
O que dirão os outros de nós?


22 comentários:

  1. A educação começa no lar. Uma realidade inegável. As crianças não nascem com preconceitos... estes são-lhes inculcados pelos adultos. Todos sabem. E muitos cometem ainda esse erro por serem intolerantes, ignorantes... Essas experiências, as criançãs nunca mais vão esquecer! Pobres meninos!

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  2. infelizmente é essa a nossa realidade.
    Graçs a Deus tive uns pais que me deram uma educação, em que todos somos iguais, uns melhores, outros piores.

    O meu melhor amigo na nh inancia era o Moises, um menino de cor...um amigo da adolescencia era cigano...nunca escolhi as amizades baseada na cor da pele ou o apelido.



    PS adoro novo visal do teu blog...

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  3. Olá Bella, estava a ler o teu post e fiquei boquiaberta! Além de ser perfeitamente ridículo qualquer pai ter este tipo de acções, ainda senti vergonha por eles. Mas por outro lado fiquei tristíssima por essas crianças que nunca terão uma boa educação e o valor da cidadania, é uma pena que a futura geração ainda venha com estes princípios num mundo tão dinamizado como o nosso. Tenho duas crianças junto de mim prontas para ir para a escola e de certa forma fiquei preocupada se algum dia terão de conviver com este tipo de problemas. Vê-se que esses pais têm muito que aprender, se calhar era boa ideia irem para um infantário outra vez...
    Beijinhos

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  4. Acho tudo tão mesquinho, tão baixo! Estas situações revoltam-me...nem sei como colocar isso em palavras! Às vezes apetece-me trancar essas pessoas numa sala com alguém de outra raça numa situação de risco e equipa, ou ajudam um ao outro ou morrem os dois! Só à força do isolamento para aprenderem que nem todas as pessoas são más e que em qualquer parte do mundo há pessoas más e pessoas boas...
    Já um pai ficou a olhar p'ra mim de lado, por ter feito uma fila dois-a-dois e o filho ter calhado com uma ciganita (e olhem que foi o filho que escolheu ficar com ela...há qualquer coisa ali ;) e eu gosto...)

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  5. Realmente existem atitudes completamente reprováveis e mais triste que isso é essas atitudes fazerem parte da educação que um pai dá a um filho. Fico escandalizada com isto, mas enfim!
    Há coisas (mentalidades) que em 2011 parecem do tempo dos dinassauros!!

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  6. Bella querida
    É isso mesmo nós vivemos num mundo muito mesquinho cheio de preconceitos. a educação e as boas qualidades e principios partem da educação. Embora ás vezes alguns os percam eu tenho isso por experiência.
    Beijiinho

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  7. Pessoalmente estou-me nas tintas para cor, religião, orientações sexuais, etc...

    O meu único critério é ser boa gente...o resto...é resto!

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  8. Vai um homem a correr.
    Se for branco, é um atleta.
    Se for preto, "agarra que é ladrão".
    No meu dia-a-dia tento sempre olhar para as pessoas como iguais, mas já lá diz o ditado: gato escaldado, de água fria tem medo.
    Temos de saber olhar para as coisas de vários pontos de vista e não generalizar. Mas... digamos que a raça cigana se empenha pouco em mudar a imagem que criou junto das outras comunidades.
    Sinto vergonha sempre que ouço um compatriota responsabilizar os emigrantes pelos males da sociedade. Nós, como povo emigrante, temos obrigação de receber bem quem procura em Portugal um modo de vida melhor. Mas não acredito que a boa reputação que o trabalhador português tem por esse mundo fora, tenha sido ganha à custa de mandar os filhos para a escola armados de facas.
    E lá voltamos de novo à questão levantada há uns anos por um morador de uma freguesia do meu conselho, cujos vizinhos ciganos alojados no mesmo prédio, metiam os burros na escada.
    Se o senhor ministro acha que isto é discriminação, leve os ciganos a morar no seu prédio.
    É complicado gerir emoções quando estão em causa os nossos filhos e, convenhamos, o estorial de violência da raça cigana não abona a seu favor.

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  9. Eu tenho vizinhos ciganos a uns 150 metros,posso-vos dizer que são bons vizinhos,construiram uma casa e vivem como qualquer um de nós,os filhos eram da idade dos meus,andaram na escola juntos e não houve problema nenhum,um dia um neto faltou-me ao respeito e levou um grande castigo que nem tinha direito de sair,agora todos são educados,os filhos tem mesmo uma empresa.
    Evitaram de um vizinho muito próximo que a casa fosse roubada pois foram eles que telefonaram à policia e o ladrão foi pegado lá dentro.
    Está bonito o seu cantinho.

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  10. É por estas coisas que não conseguimos evoluir.
    Os pais em vez de ensinarem as crianças a aceitar as diferenças e a aprender com elas, passam os preconceitos deles aos filhos que rejeitam logo pessoas diferentes sem as conhecer antes.
    É triste, na verdade.
    Beijinhos *

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  11. O relato deste post é o espelho gritante que se encontra o mundo, não só o país! Pois acontece em qualquer parte, infelizmente. O que acrescentar? Mentalidades tacanhas. Enfim. Nem consigo dizer mais nada pois é de lamentar que em pleno século XXI ainda nos vemos em situações destas. :S

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  12. Há be bom e mau em tudo... Honestamente, descriminação é crime...

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  13. Os portugueses não são exemplo para ninguém e existem muitos que vivem em piores condições que os ciganos e ao menos nem um pingo de educação têm!
    Existem ciganos que são boas pessoas, nunca causaram problemas e são muito educados querendo apenas serem aceites na sociedade e felizes neste país...tb nao aceito determinadas atitudes dos pais que deveriam dar a educaçao aos filhos de uma ooutra forma!!!
    beijoca*

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  14. :/ As crianças vêem as crianças, fisicamente diferentes, apenas curiosidade, na maioria das vezes como algo positivo, mas no fundo vêem apenas outras crianças. A implicância mesquinha está na cabeça dos adultos e, infelizmente, é isso que transmitem aos filhos. Claro que também não acho que o mundo seja perfeito, sejamos todos "iguais", lindos e maravilhosos mas "rotular" sem conhecer é tão ridículo. São histórias como as que contas que não permitem quebrar o círculo... *

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  15. O filme que deu hoje na SIC, "O Rapaz do Pijama às Riscas", está bastante relacionado com o tema de que falas no texto, uma criança Alemã cria uma forte amizade com um menino Judeu porque, como qualquer criança, não vê a maldade e diferença nele que os adultos à sua volta vêem. Espero é que estas crianças, com pais que as DESeducam, quando cresçam pensem por elas mesmas e tenham consciência de que o racismo é completamente absurdo!

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  16. Pior é pensar que ais assim educam filhos que mais tarde serão iguaizinhos a eles, nada vai mudar infelizmente!

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  17. é triste mas é a realidade... um destes dias, num blog que falava sobre unhas; a blogueira elogiou uma manicure brasileira que trabalha no Algarve, dizendo que o trabalho dela era perfeito; os comentarios desse post, nao se focaram no assunto "unhas", mas no facto de uma brasileira estar a tirar o trabalho as portuguesas... teve mesmo um comentario assim "estamos fartos de brasileiros, pessoas dos paises de Leste, africanos! onde estão os portugueses raça pura, arianos?" quase morri de rir! se Hitler tivesse ganhado a guerra, não existiriam mais portugueses, que no geral, estão muito longe do estereotipo da "raça pura"; nota: sou portuguesa, de origem africana e morei no Brasil 20 anos. Sei o que é ser negra em Portugal nos anos 70!!! no Brasil, nunca sofri preconceito por ser estrangeira e quanto a ser negra, la o preconceito é mais social ($$$) que pela cor da pele;

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  18. Infelizmente é a realidade que temos. A educação começa em casa e com a atitudes destas é difícil mudar as mentalidades.

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  19. Eu comentei mais acima e disse que tinha vizinhos ciganos sem problemas e é verdade,isto passa-se aqui em França.Mas... Em Portugal na minha terra aqui há uns 5 ou 6 anos um proprietário que o inquilino não lhe pagava a renda já há meses,foi ter uma conversa com ele,o(cigano)foi buscar uma pistola e matou o proprietário.
    Se aqui não tenho problemas nenhuns,ao contrario só tenho bem a dizer,por outro lado lembrei-me agora deste episódio em Portugal e na minha vila.
    Também posso dizer que não é só por ser ciganos,mesmo nós não somos todos iguais,uns melhores outros piores e todos temos defeitos.
    É triste,as crianças não tem culpa e devemos autorizar os nossos filhos a brincarem juntos,no aluguer de casas é preciso saber se a família é calma sem problemas de crime,eu digo francamente,a essa família que matou o proprietário hesitava a alugar-lhe uma casa que tenho de vez em quando para aluguer,tinha medo que me fizessem o mesmo,por outro lado posso ter um dia outro não cigano e que seja ainda pior quem sabe?

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  20. Infelizmente ainda há muito preconceito...eu divido as pessoas em duas partes, os bons e os maus :)

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  21. EU cá para mim é mesmo: todos diferentes, todos iguais e ponto final...
    Quanto aos que os outros pensam de nós (portugas) resume-se apenas a isto: corruptos, vaidosos e arrogantes de mer........(é só uma questão de pesquisa e leitura)
    Beijinhos

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